ENTREVISTA
Dr. António
Albuquerque
Actual
Representante Comercial de Angola em Portugal
De
1996 a 2006 – Representante Comercial de Angola na China
1. Dada a sua experiência enquanto
Representante Comercial de Angola na China que avaliação faz do crescente
interesse das empresas chinesas por Angola?
O crescente interesse das
empresas chinesas por Angola deve-se ao mercado fértil angolano, ainda sem
infra estruturas industriais capazes de satisfazer o mercado interno, por um
lado, e porque há uma facilidade de retorno do capital investido para china.
Importa salientar que muitos investidores querem aproveitar o momento para se
estabelecerem em Angola. Angola tem recursos naturais que interessa as empresas
chinesas, e a facilidade de se implementarem dada a nova política de
investimento estrangeiro implementado pelo governo angolano.
2. Existem algumas facilidades para a
implementação de empresas chinesas em Angola?
Facilidades para
investimentos directos existem, mas associar-se as empresas angolanas torna-se
mais viável dada a evolução jurídica e o volume de empresas que estão sendo
criadas, sobretudo na capital do país. Nas outras províncias a política é mais
favorável.
4. O Fórum para a Cooperação China-África é um
importante mecanismo multilateral, no entanto grande parte dos acordos são
conseguidos a nível bilateral, o que pressupõe a existência de interesses
distintos a nível de cada país. Poderia comentar esta afirmação?
É importante primeiro
salientar que a China proporcionou uma lista de produtos africanos que podem
entrar no mercado chinês com taxas mínimas para estimular o intercâmbio
comercial, agora cabe aos países africanos buscar mercado destes produtos. As
empresas angolanas são bem-vindas a china. Ao estabelecerem-se aqui facilitará
as transacções tanto de mercadorias como bancárias que tem sido um dos grandes
problemas nos preços de transportação e embarque e desembarque das mercadorias
em ambos os portos. Angola goza da regalia de maior parceiro comercial com a
china em Africa. A facilidade jurídica poderá trazer flexibilidade as empresas
angolanas interessadas neste mercado asiático.
O fórum de cooperação
China-África embora actuar como mecanismo multilateral, maior
parte dos acordos são de carácter bilateral dadas as características do mercado
e das políticas não homogéneas dos países africanos. A China acha ser difícil
implementar uma estratégia de cooperação económica uniforme para países com
recursos naturais muito fortes como Angola e países sem recursos naturais como
Cabo Verde por exemplo. Por outro lado, tem haver também com a abertura que
cada país da China para se celebrar acordos, logo a questão multilateral tem mais
a ver com o apoio mútuo na arena internacional, de uma maneira macro, e servir
como viaduto para busca de interesses para ambos (China-África), de uma maneira
micro.
5. Que avaliação faz da receptividade da
China às empresas angolanas? E quais os principais obstáculos à sua
implementação na China?
No meu ponto de vista, os
obstáculos comerciais entre as empresas chinesas e angolanas reside em primeiro
lugar na burocracia tanto quanto pela pouco dinâmica por parte das empresas
angolanas, em segundo lugar a carência de informação sobre as empresas
angolanas por parte dos chineses, o que implica a criação de uma câmara de
comércio conjunta auxiliada pelas representações comerciais. A necessidade de
um acordo das alfândegas para criação de estratégias que visam a minimizar os
transtornos alfandegários de import&export, e facilidades jurídicas para as
empresas angolanas interessadas em penetrarem no mercado chinês.
Na apresentação do teu livro já tinhas exposto o assunto Angola versus China, e não só eu mas todos os convidados ficaram deslumbrados pelo brilhantismo da tua apresentação. Pela exposição coerente que entusiasmou todos e a mim principalmente, os meus parabéns.Teu avó
ResponderEliminarEm busca de mercado para suas empresas e de recursos naturais abundantes, a China fez de África uma região estratégica. Serão eles
ResponderEliminarparceiros ou novos colonizadores?