17/11/2011

Está em preparação um artigo sobre as tensões sociais entre chineses e angolanos, fruto do interacção social que está em curso.

ENTREVISTA


Dr. António Albuquerque
Actual Representante Comercial de Angola em Portugal
De 1996 a 2006 – Representante Comercial de Angola na China



1. Dada a sua experiência enquanto Representante Comercial de Angola na China que avaliação faz do crescente interesse das empresas chinesas por Angola?


O crescente interesse das empresas chinesas por Angola deve-se ao mercado fértil angolano, ainda sem infra estruturas industriais capazes de satisfazer o mercado interno, por um lado, e porque há uma facilidade de retorno do capital investido para china. Importa salientar que muitos investidores querem aproveitar o momento para se estabelecerem em Angola. Angola tem recursos naturais que interessa as empresas chinesas, e a facilidade de se implementarem dada a nova política de investimento estrangeiro implementado pelo governo angolano.


2. Existem algumas facilidades para a implementação de empresas chinesas em Angola?


Facilidades para investimentos directos existem, mas associar-se as empresas angolanas torna-se mais viável dada a evolução jurídica e o volume de empresas que estão sendo criadas, sobretudo na capital do país. Nas outras províncias a política é mais favorável.



4. O Fórum para a Cooperação China-África é um importante mecanismo multilateral, no entanto grande parte dos acordos são conseguidos a nível bilateral, o que pressupõe a existência de interesses distintos a nível de cada país. Poderia comentar esta afirmação?

É importante primeiro salientar que a China proporcionou uma lista de produtos africanos que podem entrar no mercado chinês com taxas mínimas para estimular o intercâmbio comercial, agora cabe aos países africanos buscar mercado destes produtos. As empresas angolanas são bem-vindas a china. Ao estabelecerem-se aqui facilitará as transacções tanto de mercadorias como bancárias que tem sido um dos grandes problemas nos preços de transportação e embarque e desembarque das mercadorias em ambos os portos. Angola goza da regalia de maior parceiro comercial com a china em Africa. A facilidade jurídica poderá trazer flexibilidade as empresas angolanas interessadas neste mercado asiático.



O fórum de cooperação China-África embora actuar como mecanismo multilateral, maior parte dos acordos são de carácter bilateral dadas as características do mercado e das políticas não homogéneas dos países africanos. A China acha ser difícil implementar uma estratégia de cooperação económica uniforme para países com recursos naturais muito fortes como Angola e países sem recursos naturais como Cabo Verde por exemplo. Por outro lado, tem haver também com a abertura que cada país da China para se celebrar acordos, logo a questão multilateral tem mais a ver com o apoio mútuo na arena internacional, de uma maneira macro, e servir como viaduto para busca de interesses para ambos (China-África), de uma maneira micro.

5. Que avaliação faz da receptividade da China às empresas angolanas? E quais os principais obstáculos à sua implementação na China?



No meu ponto de vista, os obstáculos comerciais entre as empresas chinesas e angolanas reside em primeiro lugar na burocracia tanto quanto pela pouco dinâmica por parte das empresas angolanas, em segundo lugar a carência de informação sobre as empresas angolanas por parte dos chineses, o que implica a criação de uma câmara de comércio conjunta auxiliada pelas representações comerciais. A necessidade de um acordo das alfândegas para criação de estratégias que visam a minimizar os transtornos alfandegários de import&export, e facilidades jurídicas para as empresas angolanas interessadas em penetrarem no mercado chinês.

15/11/2011

Paradoxo Chinês

De acordo com uma notícia publicada recentemente, nos primeiros nove meses deste ano as exportações chinesas para Angola aumentaram 34%. No entanto, isso não significa maior equilíbrio da balança comercial porque Angola continua a registar valores mais elevados devido às exportações de petróleo.
A China mantém uma posição dominante em Angola, é um facto, pelos motivos já expostos em artigos anteriores neste blog, mas assistimos cada vez mais ao enfraquecimento da sua posição plolítico-diplomática pelo avanço de outros países. O interesse chinês despertou também o interesse de potências como os EUA, a Europa, o Brasil e a Índia que, mais empenhados numa cooperação "win-win", se assumem como úteis parceiros. Aqui reside o paradoxo chinês. Efectivamente, é este um dos principais benefícios do relacionamento com o país oriental...

11/11/2011

Para os meus seguidores e amigos bloggers

Regressei após "uns anitos" afastada por motivos de gravidez...gemelar. Como calculam, muito trabalho!
Continuarei as publicações sobre Angola e a China. De 2009 a esta parte há muito para dizer.
Começarei esta semana pois hoje vou desfrutar do feriado nacional de Angola (Dia da Independência Nacional). Vivas pela efeméride!!!